Nossa missão urgente de saúde planetária para proteger o futuro

Se tudo está interligado e todos dependem da natureza, trabalhar de forma interconectada abrangendo todos os setores e órgãos é a única forma de sairmos dessa crise

Por Bianca Santana e Maria Vitória Leal

O último dia do Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021 teve como tema “Movimentos sociais e mudança social”. No início da tarde de sexta-feira, 30 de abril, das 12h20 às 13h20, ocorreu o Painel – “Ativando o mainstream: Nossa missão urgente de saúde planetária para proteger o futuro”, com moderação de Sarah Finnie Robinson (Membro Sênior da Boston University; Diretora fundadora do “The 51 Percent Project”). Contou com os painelistas Herton Escobar (Repórter Especial, Jornal da USP); Hindou Oumarou Ibrahim (Co-Presidente do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas), e Justin Worland (Time Magazine, correspondente sênior cobrindo mudanças climáticas e a interseção de política, política e sociedade).

Na última sessão do #PHAM2021, os palestrantes destacaram os principais tópicos e conversas dos dias anteriores da Conferência. Por fim, mencionaram estratégias para que efetivamente possa ocorrer a “Grande Transição” propalada pelo evento; englobando as questões de Saúde Planetária e garantindo um mundo onde todos possam prosperar. Diante da missão urgente de proteger o nosso futuro comum, os painelistas indicaram quais mudanças serão necessárias para caminharmos rumo a esse desafio com um senso de urgência, sem perder a esperança.

Sarah Finnie Robinson recapitulou os temas que foram debatidos durante a semana e afirmou: “Espero que não seja um otimismo ingênuo, mas como cidadã americana, estou muito feliz do país ter voltado ao “Acordo de Paris”, pois a melhor alternativa para o futuro é uma abordagem abrangente onde todos estamos conectados”.

Painel – “Ativando o mainstream: Nossa missão urgente de saúde planetária  para proteger o futuro”

Hindou Oumarou Ibrahim defende os direitos indígenas e a proteção ambiental desde os seus 16 anos. Ela introduziu atividades rentáveis para mulheres; ferramentas colaborativas, como mapeamento participativo 3D, para construir gestão de ecossistemas sustentáveis, e redução de conflitos baseados na natureza. Hindou enfatizou a importância do trabalho coletivo e o potencial de transformação que a união promove. Além disso, afirmou que está esperançosa com as novas lideranças, pois estão cada vez mais conectadas. Por outro lado, a valorização extrema da economia lhe causa desesperança, justamente por individualizar atitudes que deveriam ser conjuntas, a fim de convergirem para uma reação única diante de desafios globais. Por fim, Hindou reiterou a relevância da natureza através da frase: “nós, seres humanos, não somos uma super espécie, somos mais uma das espécies da natureza”. Disse, também, que nós destruímos todo o resto para vivermos melhor, ignorando as consequências da crueldade e do desrespeito com a natureza.

Trabalhar em parceria é o melhor jeito de resgatar dessa crise”.
(Hindou Ibrahim)

Herton Escobar reforçou a importância do trabalho em parceria, buscando uma meta comum. Para ele, as políticas públicas são fundamentais para o funcionamento social, tendo em vista que não basta as pessoas estarem motivadas a mudar, é necessário que tenham meios para fazê-lo. Ao ser questionado sobre os desafios da disseminação de informação, principalmente sobre greenwashing (estratégia de marketing verde enganosa, presente em muitos produtos e serviços), afirmou que é preciso educar os consumidores para que os mesmos não se tornem vítimas de empresas que não estão realmente preocupadas com a natureza. Além disso, Herton responsabilizou o governo pela divulgação de informações acerca da saúde planetária em locais de difícil acesso, pois, segundo ele, independentemente das pessoas serem comunicadas, elas sofrem os efeitos das mudanças climáticas e de outros fatores. Por fim, Escobar afirmou que para informar as pessoas, muitas vezes, é preciso desconstruir pensamentos enraizados; destacando a sua esperança na juventude, mais bem informada que gerações anteriores.

“A maioria das pessoas se importam e querem fazer alguma coisa
para ajudar, mas ficam frustradas em não saber como.
As empresas precisam oferecer soluções e ferramentas para todos nós”.
(Herton Escobar)

Justin Worland disse que é preciso pensar sobre as mudanças climáticas como algo silencioso, visto que a natureza é interdisciplinar e interseccional, requerendo um olhar amplo para o tema. Worland contou que recebe diversos e-mails com informações falsas e que procura sempre respondê-los com evidências científicas. Ademais, comentou sobre o processo de verificação de textos a serem publicados. Dessa forma, cada pequena parte da informação é checada, gerando credibilidade ao conteúdo veiculado pela TIME Magazine. 

O encerramento do painel frisou a centralidade da comunicação assertiva em saúde planetária como uma poderosa ferramenta tanto para disseminar o conceito quanto para engajar os cidadãos, a fim de que, juntos, possamos enfrentar a atual crise sanitária e combater os efeitos das mudanças climáticas.

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Edição: Thaís Presa Martins

Imagem: Bianca Santana