Por outras fontes de proteína

Painel do terceiro dia do PHAM 2021 debate a importância da produção de proteínas alternativas à carne animal na adoção de estratégias sustentáveis e alinhadas com a saúde planetária 

Por Luiz Felipe Santana Petrucci

Afinal, por que proteínas são importantes para a Saúde Planetária? Essa pergunta foi o mote para o Painel – “O papel das empresas na liderança da revolução das proteínas”, no terceiro dia do Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021. O encontro foi realizado por videoconferência na tarde de 28 de abril, das 12h20 às 13h10. Introduzido por Sam Myers (Diretor da Planetary Health Alliance) e conduzido por Diane Holdorf (Diretora Administrativa de Alimentos e Natureza do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável), contou com os painelistas: Ethan Brown (Fundador e CEO da Beyond Meat); Bruce Friedrich (Diretor Executivo e Co-Fundador do Instituto The Good Food); Thomas Jonas (Co-Fundador e CEO da Nature’s Find). Esses líderes empresariais, focados na revolução global de proteínas, exploraram o potencial das proteínas baseadas em plantas, em fungos e em microrganismos, para abordar questões ambientais, de saúde e de patrimônio em todo o mundo. Além disso, ressaltaram o potencial de empresas do setor privado em desempenharem um papel transformador na criação de mudanças estruturais rápidas e em grande escala.

“Temos que trabalhar juntos para obter alimentos saudáveis, com proteínas sustentáveis e dietas culturalmente aceitas”, destacou Diane Holdorf. Os painelistas pontuaram a urgência de cuidarmos do clima e que, para resolvermos esse problema, faz-se necessária uma mudança drástica na forma como consumimos as proteínas. Estimativas mostram que 40% da produção de cereais é usada para o plantio de sementes direcionadas à pecuária e que um quarto da superfície terrestre é destinada à pastagem de ruminantes. Com novas tecnologias, é possível que empresas baseadas em saúde planetária prosperem e revertam esse cenário.

Ethan Brown mencionou que a mudança da proteína no prato colabora para resolver o problema do clima. A Beyond Meat, empresa da qual é fundador, é uma produtora de substitutos vegetais de carne, emulando carne bovina, almôndegas, hambúrgueres de porco, entre outros. “O que está no animal, também está na planta. Podemos parar de produzir aquilo que precisamos tirar da nossa dieta”, afirmou o executivo.

Bruce Friedrich destacou que a criação de animais para o consumo humano é ineficiente e, mesmo assim, é uma grande fonte de gás metano, gerando 20 vezes mais gases do efeito estufa. Ele é Fundador da The Good Food Institute, organização sem fins lucrativos que produz carnes vegetais, laticínios e ovos, bem como carnes cultivadas como alternativas aos produtos animais convencionais. “Precisamos de soluções agrícolas que alcancem todo mundo. Precisamos produzir carne de forma diferente”, lembrou.

Thomas Jonas apontou que vidas microscópicas também podem ser utilizadas como fontes de proteínas, uma vez que elas aprenderam a fazer mais com menos, em situações de grande pressão ambiental – e que devemos fazer o mesmo atualmente. Ele é um dos fundadores da Nature’s Fynd, empresa que desenvolve proteínas baseadas em microorganismos como substitutas para a carne animal. “Para gerar um impacto, temos que ir além de ganhar um espaço nas prateleiras. Temos que levar essas tecnologias para quem está sedento por elas”, completou.

Com produtos inovadores e, ao mesmo tempo, deliciosos e nutritivos, os palestrantes mostraram que a tecnologia exerce um papel fundamental na questão alimentar. Ela auxilia na produção de proteínas vegetais e de microrganismos, visando a substituição da criação ineficiente de animais e promovendo um futuro mais sustentável.

Edição: Gustavo Longo; Thaís Presa Martins