Um dos princípios da Saúde Planetária é a transdisciplinaridade. Um projeto realizado pela Universidade de Minnesota vai além disso e propõe que estudantes de diversas áreas desenvolvam habilidades imprescindíveis
para a promoção de mudanças socioambientais
Por Marco Aurélio Polato Ferreira Farnezi
O workshop “Educação para a saúde do ecossistema: vitrine de filmes do aluno” ocorreu em 27 de abril, das 16h45 às 17h45 BRT, como um dos eventos paralelos do Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021. Composto por três integrantes de uma ampla equipe da Universidade de Minnesota, a apresentação da sessão contou com a presença de: Liz Sopdie (PhD, Escola Médica); Scott Spicer (Media Outreach Librarian), e Dominic Travis (Veterinary Population Medicine), contribuindo com detalhes e visões próprias que integram o todo. A proposta é parte de uma estrutura maior, que se correlaciona diretamente com a proposta educacional e interdisciplinar dos autores. Por trás deste festival, está um curso de capacitação, a fim de que alunos de diferentes áreas tornem-se aptos a criar produções audiovisuais.
O projeto inclui atividades em prol: da liderança; das relações interpessoais; do cooperativismo; da educação, e do processamento de informações de inúmeras áreas. Organizado em módulos, o conhecimento vai sendo construído e sedimentado, bem como colocado em prática, para que, ao final, o vídeo produzido esteja recheado não só de conhecimento científico, mas também de experiências individuais. Estudantes de Graduação precisam se relacionar e promover o debate com os de anos anteriores, formando equipes. O aprendizado ativo é constante, através de pequenos e de grandes grupos de discussão, com o intuito de trocar experiências, êxitos e dificuldades enfrentadas.
Os participantes são instigados a realizar revisão de literatura para conhecerem e aprofundarem seus conhecimentos acerca dos problemas levantados – nortes do trabalho. Além de discussões internas sobre como desenrolar o projeto, habilidades de liderança são colocadas em prova e cada integrante desenvolve-se, ao aprender como se relacionar de maneira saudável com seus colegas. Os módulos do curso são focados no desenvolvimento de habilidades, por meio de: utilização de indicadores e complexidade de sistemas; estudos que evidenciam culturas e povos diferentes; colaboração e parcerias com instituições externas; e solução de problemas através da inovação. No primeiro módulo, foca-se na formulação do problema principal que dará base ao trabalho. No segundo, há uma análise do que foi feito dentro da área e pensa-se em novas soluções. No terceiro, o plano de implementação é criado. O quarto destina-se ao “storyboard”, o projeto de como o vídeo será feito. Ao final, tem-se a elaboração do vídeo como produto do ciclo.
Os tutores comentaram que para que um estudante se torne perfeitamente capacitado, deve passar por uma jornada de etapas, em ordem crescente de dificuldade. Começa-se pela aquisição de informação, pelo incentivo ao pensamento crítico, e pela busca por dados científicos. Depois, avança-se para a reflexão sobre o tema, e para a construção de possíveis soluções para o problema imposto. Três esferas precisam estar presentes e se relacionar neste processo: o conhecimento, a solução, e a reflexão. Estudantes são instigados a pensar em suas próprias soluções, frente aos problemas levantados. O processo de criação de um projeto é contínuo e envolve diferentes áreas do conhecimento, exigindo uma integração de diversas habilidades.
O exercício de conhecer outras realidades propicia aos discentes desenvolver sensibilidade pelos outros e produzir materiais com mais cuidado e dedicação, inclusive, em termos técnicos (imagem, áudio, trilhas sonoras). Assim, eles podem dar uma voz mais adequada às pessoas que não têm. Oportunizar que os alunos entrem em contato com diversas populações, povos e culturas, propicia que proponham novas alternativas; reflitam sobre diferentes realidades, e se engajem em causas globais – como a saúde planetária. Por meio de materiais audiovisuais, pode-se dar visibilidade a causas, a contextos necessitados, a Organizações Não Governamentais (ONGs), e a institutos em prol da saúde e do bem-estar.
Apesar de algumas limitações como questões técnicas, o projeto traz inúmeras realizações. Beth, responsável pela produção no Lago Victoria, a partir de seu trabalho, conseguiu promover uma missão médica para o lugar, na qual todos os envolvidos aprenderam. O projeto rendeu à equipe um capítulo de um livro; duas apresentações em Conferências, e um artigo científico. Além de servir como inspiração para cursos mais integrados de mídias estudantis em todo o campus da Universidade.
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Edição: Thaís Presa Martins