Encontro virtual histórico, sediado na Universidade de São Paulo, teve cinco mil inscritos de 130 países. Os debates ficarão disponíveis para o público por um ano na plataforma online
Por Daniela Vianna
Enquanto o mundo contabilizava suas perdas devido à pandemia de COVID-19, entre 2020 e 2021, um grupo de pesquisadores e profissionais da Universidade de Harvard (EUA) e da Universidade de São Paulo (BR) se debruçava na organização de um evento internacional, buscando debater alternativas para o mundo pós-COVID. Tendo a tecnologia como aliada, o esforço conjunto resultou na realização da quarta e maior Conferência Anual de Saúde Planetária da história da Aliança de Saúde Planetária (Planetary Health Alliance – PHA) – a primeira fora do eixo Europa-Estados Unidos. A todos/as que participaram, o nosso muito obrigado/a!
O 2021 Planetary Health Annual Meeting & Festival (PHAM 2021), realizado entre 25 e 30 de abril de 2021, no chamado “Sul Global”, teve cinco mil inscritos de 130 países, permitindo que o tema central, que preconiza “Saúde Planetária para Todos: unindo comunidades para alcançar a grande transição”, de fato pudesse se tornar possível. Os encontros anteriores ocorreram nas universidades de Harvard (2017), Edimburgo (2018) e Stanford (2019), sendo o #PHAM2021 a primeira edição não só no Brasil, mas também na América Latina.
Durante o pré-evento e os cinco dias de Conferência, foram realizados uma palestra de abertura, nove painéis, cinco sessões de entrevistas, três de apresentações de pôsteres – mais de 90, no total – e cinco sessões temáticas de Apresentações Científicas Relâmpago, englobando 24 trabalhos. Dos 84 palestrantes ouvidos, 60% eram mulheres. As sessões da Conferência foram traduzidas simultaneamente do inglês para o português, o espanhol, o francês e o mandarim.
Além da Conferência, foi realizada a 1ª Semana de Saúde Planetária, que contou com 54 eventos paralelos e 22 atividades artístico-culturais reunidas no Festival. Workshops, simpósios, painéis e debates dividiram espaço e tempo com apresentações de música, dança, yoga, gastronomia, grafite e poesia de diversas partes do globo, além de apresentações de povos indígenas brasileiros, organizadas em parceria com a Frente de Apoio aos Povos Indígenas do Brasil (FAPIB) e com a pesquisadora Carmem Gattás, membro do Grupo de Saúde Planetária do IEA-USP.
As temáticas da Conferência envolveram os valores humanos fundamentais da saúde planetária, no primeiro dia, passando por conhecimentos em saúde planetária, no dia 2 e avançando, nos últimos três dias, sobre discussões sobre como implementar na prática a saúde planetária. No Dia 3, o foco foi nas economias do século 21; no Dia 4, em governança e cooperação internacional; e no Dia 5, em movimentos sociais e mudança social. Na solenidade de abertura, houve o lançamento do vídeo “A Promessa da Saúde Planetária”, legendado em português. Todos os conteúdos, incluindo os pôsteres e as gravações das sessões, bem como a possibilidade de contatar os participantes, ficarão disponíveis na plataforma virtual por um ano. As inscrições para acessar todos esses materiais e recursos são gratuitas e continuam abertas para quem não pode acompanhar ao vivo.
Na pré-conferência, houve o relançamento da plataforma Hylo, uma comunidade internacional de membros da Aliança de Saúde Planetária, e os lançamentos dos Hubs Regionais 2.0, de uma plataforma de educação em saúde planetária, e da versão preliminar da Declaração de São Paulo, que está aberta para consulta pública na plataforma Spark Blue, da ONU, até o dia 01 de junho. Para acessar, basta se inscrever em www.sparkblue.org/PHAM2021.
Democratização de acesso
Se, por um lado, houve a perda dos relacionamentos construídos a partir dos encontros presenciais, típicos das conferências anteriores; por outro, a tecnologia permitiu que o evento extrapolasse a “bolha” do público acadêmico. O fato de a conferência ter sido virtual e gratuita possibilitou a democratização da participação e a ampliação do acesso aos debates para diferentes públicos, setores e geografias.
Das 5.020 inscrições, Brasil, Estados Unidos e Reino Unido, juntos, representaram 64,4% (3.235) das inscrições, sendo que o Brasil liderou a lista, com 43,5% do total de inscritos (2.183), seguido dos EUA, com 16,0% (799), e do Reino Unido, com 5,1% (253). As outras 1.785 inscrições foram pulverizadas por outros 127 países, mostrando a capilaridade da Saúde Planetária em diferentes geografias. Entre os inscritos, havia desde representantes de Vanuatu – um país formado por 80 ilhas no sul do Oceano Pacífico, ameaçado pelo aumento do nível dos mares em decorrência do aquecimento global – passando por países da América, África, Ásia, Oceania e Europa, incluindo representantes das grandes potências, como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido, entre outras.
O PHAM 2021 também alcançou diferentes setores da sociedade, atraindo participação de representantes de governos, formuladores de políticas públicas, lideranças de organismos multilaterais, empresas, terceiro setor e, claro, profissionais de saúde, estudantes, cientistas e pesquisadores de diversas partes do mundo.
Construção e fortalecimento da comunidade
O sucesso da experiência online – que replicou no ambiente virtual espaços físicos da própria USP – estimulou a equipe da Aliança de Saúde Planetária a seguir um modelo híbrido (parte virtual, parte presencial) no próximo encontro, que será sediado pela Universidade de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos. O ambiente virtual e interativo do #PHAM2021 foi criado pela InfService, com utilização da tecnologia da plataforma Swoogo.
Até o próximo evento, os canais de interação lançados no #PHAM2021, como os Hubs regionais e a comunidade da PHA na Hylo, permitirão a adesão à PHA para membros individuais, independentemente da instituição à qual os membros estão filiados, possibilitando a ampliação e a capilaridade da comunidade de Saúde Planetária pelo mundo. Acompanhe mais informações, registre-se na plataforma Hylo e faça parte dessa rede seguindo a PHA (@ph_alliance) e o Grupo de Estudos em Saúde Planetária (@saudeplanetaria) nas redes sociais.
Faça parte
O #PHAM2021 representa um marco histórico para o avanço das pesquisas e das ações relacionadas à Saúde Planetária no Brasil e no mundo. Você é nosso/a convidado/a a fazer parte dessa história, ajudando-nos a escrever os próximos capítulos da trajetória rumo à Grande Transição. Venha integrar o Grupo de Estudos em Saúde Planetária, ligado ao Instituto de Estudos Avançados da USP. Saiba como se engajar no site https://saudeplanetaria.iea.usp.br/pt/ e por meio de nossas redes sociais: Instagram (@saudeplanetaria), Facebook (@SaudePlanetariaBrasil), YouTube (/Saúde Planetária), Twitter (@SaudePlanetaria) e LinkedIn.
Arte do card: Marcelo Marcelino