A Declaração, redigida pela Planetary Health Alliance, um consórcio global sediado na Harvard T.H. Chan School of Public Health, e a Universidade de São Paulo, foi assinada por mais de 250 organizações de mais de 47 países e que representam todos os setores da sociedade.
Já disponível na revista The Lancet
Boston, MA, EUA, 5 de outubro de 2021 – A Planetary Health Alliance, um consórcio global sediado na Harvard T.H. Chan School of Public Health, e a Universidade de São Paulo lançam a Declaração de São Paulo sobre Saúde Planetária. Desenvolvida pela comunidade global de saúde planetária com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a Declaração afirma que a humanidade deve fazer mudanças agora na forma como vivemos para otimizar a saúde e o bem-estar de todas as pessoas e do planeta do qual dependemos. Ela também orienta os vários setores da sociedade com sugestões de ações concretas que proporcionam um mundo pós-pandemia mais justo e regenerativo.
Mais de 250 organizações de 47 países e que representam mais de 19 setores da sociedade assinaram o documento, incluindo o World Wildlife Fund-International, a American Public Health Association, a Academia Brasileira de Ciências, e o World Business Council on Sustainable Development.
“A urgência deste momento não se pode pôr em palavras,” afirma Sam Myers, diretor da Planetary Health Alliance, pesquisador de saúde ambiental na Harvard T.H. Chan School of Public Health, e autor da carta na revista The Lancet. “A ciência da saúde planetária demonstra convincentemente que a degradação contínua dos sistemas naturais do nosso planeta é um perigo claro e presente para a saúde de todas as pessoas em todos os lugares.”
A saúde planetária é um campo transdisciplinar orientado a soluções e um movimento social focado em analisar e tratar os impactos da disrupção humana dos sistemas naturais da Terra na saúde humana e em todas as formas de vida da Terra. O campo foi lançado inicialmente com a publicação do relatório da Rockefeller-Lancet Commission denominado “Safeguarding Human Health in the Anthropocene.” Subsequentemente, a Fundação Rockefeller e a Wellcome Trust forneceram o apoio principal para a Planetary Health Alliance (PHA) avançar com o campo e sua comunidade.
A Declaração de São Paulo foi lançada às vésperas da Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica e das negociações sobre mudanças climáticas da COP26, além das reuniões do G20 e da Stockholm +50 em meio à pandemia de COVID-19.
A Declaração encoraja todas as pessoas a cumprirem seu papel e fornece instruções claras sobre como cada pessoa e grupo pode contribuir para a Grande Transição: uma mudança profunda, rápida e estrutural na forma como vivemos que otimiza a saúde e o bem-estar de todas as pessoas e do planeta. Entre os 19 setores citados na Declaração, uma amostra daquilo que a comunidade de saúde planetária conclama inclui:
- As empresas devem investir e implementar planos para negócios positivos para a Natureza e zero emissões.
- Os governos devem colocar a saúde planetária no centro das políticas internacionais, nacionais e locais, dos planos de recuperação e orçamentos, especialmente nos planos pós-COVID-19 e em políticas econômicas e ambientais.
- O setor de saúde deve reorientar todos os aspectos dos sistemas de saúde em direção à saúde planetária – desde suprimentos, fontes de energia, eficiência da assistência médica até redução de resíduos.
- A imprensa deve contar histórias sobre aqueles que estão protegendo a Natureza e lutando por justiça e equidade, responsabilizar aqueles que estão causando prejuízos aos sistemas naturais do planeta e lutar contra a infodemia da desinformação.
Antonio Saraiva, professor e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados e da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, organizador da Reunião Anual 2021 de Saúde Planetária que deu origem a essa Declaração, e co-autor da carta da revista The Lancet letter, afirma que “Essa Declaração enfatiza o princípio central da saúde planetária: qualquer discussão acerca das emergências planetárias atuais deve se dar em torno de equidade, justiça social e sobrevivência humana.”
“Em meio à COVID, as disparidades no acesso às vacinas devem fazer parte da mesma conversa que aborda as emergências planetárias,” declara Courtney Howard, médica do serviço de emergência em Yellowknife, na região subártica do Canadá, e colaboradora da Declaração. “Em um planeta interconectado, ninguém está seguro até que todos estejam seguro. Precisamos de equidade no acesso a vacinas, e no longo prazo, proteger a natureza será a verdadeira vacina contra futuras pandemias e outras emergências planetárias.”