As vozes dos financiadores

Representantes de instituições de financiamento à pesquisa dão seu parecer sobre a importância dos temas de Saúde Planetária para a Ciência

Por Gabriela Edmundo de Araújo

O questionamento “Como promover a ciência e a educação em saúde planetária: a perspectiva do financiador” foi o mote do segundo painel desta terça-feira, 27 de abril, do Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021. Com o tema principal do dia 2 “Conhecimento para Saúde Planetária”, a sessão foi mediada por Braulio Ferreira de Souza Dias, (Professor da Universidade de Brasília), com os renomados pesquisadores de prestigiadas organizações de apoio e financiamento à pesquisa: Luiz Eugenio Araujo de Moraes Mello (Diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)); Madeleine Thomson (Wellcome Trust, chefe do Programa “Our Planet, Our Health”); Aileen Lee (Diretora do Programa de Conservação Ambiental da Moore Foundation).

Painel: Como promover a ciência e a educação em saúde planetária:
a perspectiva do financiador

O mediador deu início ao encontro com uma saudação à Organização Mundial da Saúde (OMS) e à Rockefeller Foundation, e  apontou a necessidade de acesso a pontos para pesquisa interdisciplinar quando o tópico é Saúde Planetária. Aos participantes do painel, Dias questionou se as agências às quais eles representam fornecem apoio nestes termos. A primeira a responder foi Madeleine Thomson. Segundo ela, o valor que a fundação aplica para o financiamento de pesquisas nestes termos pode chegar a 1 bilhão de libras esterlinas por ano — as principais áreas de atuação da Wellcome Trust são as pesquisas médicas, desde as ciências básicas às translacionais e a área de advocacy. A chefe-interina frisou que, desde a crise do ebola até a atual pandemia de COVID-19, a instituição tem desempenhado um importante papel na resposta às crises sanitárias.

Thomson trabalha diretamente com um programa voltado à Saúde Planetária, o “Our Planet, Our Health”, cujo enfoque reside nas questões de ambiente urbano, sistemas alimentares e mudanças climáticas. No programa, há pesquisas interdisciplinares de áreas como saúde, agronomia, arquitetura e urbanismo, potencializadas por seis grandes parcerias com outras instituições, que possibilitam o engajamento com legisladores e profissionais. “Os princípios que estão na base de toda nossa estratégia são igualdade, diversidade e inclusão”, diz.

Aileen Lee veio em seguida, também com uma breve contextualização a respeito da história da Fundação Gordon e Betty Moore, que tem como principal missão a preservação ambiental para as próximas gerações. Em 20 anos de história, a fundação investiu mais de US$ 2 bilhões na conservação de ecossistemas globais promovendo biodiversidade e sustentabilidade para a humanidade. Na sua fala, a Diretora argumentou que os conceitos do campo de Saúde Planetária precisam ser “sólidos e atraentes” e que há áreas oportunas a serem exploradas a respeito pelos pesquisadores. De acordo com Lee, são elas: o interesse em soluções baseadas na natureza; a integração da saúde planetária com os esforços para transformar sistemas de alimentação humana, e o interesse na zoonótica para prevenção de futuras pandemias.

Trazendo à sala uma perspectiva brasileira, Luiz Mello, da FAPESP, afirmou que a fundação — que tem orçamento anual de US$ 300 milhões — tem se tornado ainda mais importante, em decorrência do cenário de declínio no orçamento das agências federais de fomento à pesquisa. De acordo com ele, a Fundação se engaja em várias áreas de conhecimento e, atualmente, financia tanto pesquisas baseadas em ciências quanto pesquisas baseadas em “missões”. Mello citou uma série de programas que se relacionam às temáticas de Saúde Planetária, tais como: Programa Biota, Programa de Bioenergia, Programa de Mudanças Climáticas Globais, e-Ciência, e e-Dados. Atualmente a Fapesp também participa em colaboração internacional da Agenda de Pesquisa das Nações Unidas para a Recuperação pós COVID-19.

Assista ao painel na íntegra em alguns dias no canal da Planetary Health Alliance no YouTube. Não deixe de conferir os próximos eventos do #PHAM2021.

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Edição: Clara Rellstab; Thaís Presa Martins

Imagem: Gabriela Edmundo de Araújo