Como a felicidade e o bem-estar estão interconectados com a forma que cuidamos do nosso planeta?

“As crises colocam a sociedade sob pressão, mas também permitem que o melhor surja das pessoas e, de certa forma, gera união entre elas”, pontua John Helliwell,  na primeira entrevista da Conferência Global de Saúde Planetária 2021

Por Emanuel Pereira Silva e Jeyse Rani de Sales Nascimento

A primeira entrevista do Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021 foi realizada na segunda-feira, 26 de abril de 2021, discutindo o tema “O que significa ser feliz no século XXI?”. A atividade foi conduzida por Herton Escobar, jornalista ambiental e científico brasileiro, que atualmente trabalha como repórter especial na Assessoria de Comunicação da Universidade de São Paulo (USP), e contou com a participação do Professor John Helliwell (Universidade British Columbia) e da Dra. Julia Kim (Diretora do Programa Índice Nacional de Felicidade Bruta do Butão). Durante a conversa, os entrevistados apontaram como o bem-estar pode contribuir para a saúde planetária e que, ao lado da felicidade, é algo que está interconectado à forma como vivemos. Além disso, pontuaram que, para obtermos um planeta mais feliz, é preciso trabalharmos de forma coletiva, uma vez que as pessoas apresentam uma felicidade mais profunda quando cuidam umas das outras.

Julia Kim relatou suas experiências no Butão, país pioneiro em incorporar a felicidade como parte da Constituição e de políticas públicas para medir o índice de desenvolvimento da sociedade. O local realiza uma pesquisa nacional, a cada três anos, em que medem nove domínios criadores e possibilitadores da felicidade – incluindo elementos básicos como saúde, educação, padrão de vida e vitalidade comunitária. “O primeiro-ministro do Butão afirmou que a felicidade duradoura não pode existir enquanto outros sofrem”, explicou Kim. Ela complementa dizendo que a ciência mostra que podemos cultivar a habilidade de ser feliz, resiliente e com uma mente saudável.

“As crises colocam a sociedade sob pressão, mas também permitem que o melhor surja das pessoas e, de certa forma, gera união entre elas”, pontuou John Helliwell. Para ele, os países mais felizes cuidaram de forma mais satisfatória de seus habitantes frente à pandemia de COVID-19. Helliwell explicou que é preciso pensar em algo além do estilo de vida pessoal e que os relacionamentos interpessoais tornam as pessoas mais felizes no mundo – o que envolve a saúde planetária. Para o professor, “você se compromete a construir um mundo melhor, gerando um bônus de felicidade para você”.

Em seu comentário final, Kim destacou dois pontos. O primeiro abordou a criação de uma economia de bem-estar, que pode impedir a alta demanda de soluções farmacêuticas que tratam a infelicidade – uma vez que a busca pelo crescimento econômico gera cada vez mais ansiedade, depressão e solidão. Esses são fatores que devem ser prevenidos e não tratados com fármacos. Além disso, explicou que a transição dos relacionamentos sociais para o meio digital também afeta a felicidade, ainda que a ferramenta em si não seja o mal. Para Julia, “nossos antepassados descobriram o fogo, que pode nutrir a vida ao cozinhar alimentos ou queimar toda uma cidade. Temos que usá-lo com inteligência, assim como a tecnologia”.

Por fim, o professor da Universidade British Columbia ressaltou a importância das conexões humanas para diminuir a ansiedade e o estresse. Apesar do momento atual ocorrer por meio eletrônico, isso permite que as mídias sociais se tornem, efetivamente, sociais; isto é, algo para construir comunidades, ao invés de ser relacionado a algo socialmente negativo.

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Edição: Gustavo Longo; Thaís Presa Martins

Imagem: Emanuel Pereira Silva;  Jeyse Rani de Sales Nascimento