Por Prof. Airton Tetelbom Stein*, pesquisador do SBPr
No ano de 2023, o lema do Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, é fortalecer a Atenção Primária em Saúde (APS) para construir um sistema de saúde resiliente. Como estamos vivendo num período de recuperação após a pandemia da Covid-19, há necessidade de enfatizar que a APS possibilita a organização de um modelo assistencial e que leva a uma melhor qualidade de vida da população.
Os sistemas de saúde buscam identificar abordagens efetivas e a cobertura mais ampliada da APS no Brasil é essencial para melhorar os indicadores de saúde. A OMS completa esse ano o seu 75º aniversário e possibilita refletir sobre as experiências de sucesso da saúde pública. Nesse Dia Mundial da Saúde temos a oportunidade de estimular ações para enfrentar os desafios atuais, assim como cenários de práticas essenciais para a saúde da população no futuro. A saúde planetária se caracteriza cada vez mais como prioritária nos fóruns de debate e nas proposições de políticas públicas com o intuito de identificar estratégias onde o envolvimento de cada um dos atores possibilite desenvolver ações efetivas.
Vários estudos mostram que a mudança climática pode impactar negativamente nos avanços que tivemos na saúde pública no Brasil. Os eventos climáticos extremos, os incêndios nas florestas têm levado a uma reemergencia de doenças infectocontagiosas, como malária, dengue, tuberculose e hanseníase. Por outro lado, vivemos uma transição demográfica e epidemiológica, que aponta que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são importante carga de doenças e de mortalidade no Brasil. O país enfrenta o que se caracteriza como a tripla carga de doenças: além das DCNT também tem a persistência de doenças transmissíveis, assim como as causas externas (os acidentes de trânsito e a violência interpessoal). Após a pandemia da Covid-19 também percebemos um aumento significativo de doença mental nas populações.
Nesse cenário complexo há necessidade de estimularmos os atributos de uma APS efetiva, para construir um sistema de saúde resiliente, onde a temática saúde planetária deve ser cada vez mais incluído na pauta como uma prioridade.
Airton Tetelbom Stein é membro do Saúde Planetária Brasil, Professor Titular de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Médico de Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição
GIF do Dia Mundial da Saúde elaborado pela bolsista PUB Açucena Miranda Branco, sob supervisão da pós-doutoranda Daniela Vianna e coordenação do Prof. Antonio Mauro Saraiva