Um olhar para conhecimentos indígenas sob a luz da saúde planetária

Sessão preza pela necessidade de dar voz aos povos indígenas e a seus valores e princípios sobre a natureza  

                                                                               Por Lucas Sulino Fernandes

O Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021, nesta quarta-feira, 28 de abril, das 18:00 às 19:30 BRT, apresentou o evento paralelo “Valores e princípios indígenas e saúde planetária”. A conversa foi mediada por Sione Tuitahi (Diretor Executivo do Fórum de Promoção da Saúde da Nova Zelândia), com a participação de: Trevor Hancock (Pesquisador sênior da Escola de Saúde Pública e Política Social da Universidade de Victoria); Marco Akerman (Professor Titular do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP); Huti Watson (Curador do Tarere 2 Trust e membro do conselho da Ngati Porou Hauora), e Richard Egan (Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Otago).

Inicialmente, Sione Tuitahi utilizou-se da fala de António Guterres (Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)), afirmando que o planeta está quebrado; porém, há esperança. O estado do planeta quebrado, em questão, refere-se à humanidade estar travando uma guerra contra a natureza, visto que isso é um suicídio. Tuitahi pontuou, ainda, que o conhecimento indígena repassado durante todo o milênio sobre o contato próximo e direto dos índios com a natureza pode ajudar (e muito) a apontar o caminho para o fim desta guerra. Sione destacou que os povos indígenas representam menos de 6% da população mundial; no entanto, administram 80% da biodiversidade mundial. Ele disse que a natureza “controlada” pelos povos indígenas está reduzindo mais lentamente do que em outros lugares – mesmo que os povos indígenas vivam em terras mais vulneráveis às mudanças climáticas e à degradação ambiental.

Em seguida, foi dito que a Terra é o nosso núcleo-mãe com traços dos povos indígenas, devido à interação espiritual e material, e as orientações inter-geracionais e coletivas. A mãe Terra é um ser vivo e a humanidade é parte dos ecossistemas da mãe Terra. Outro ponto destacado foi o “Fonua Ola”, o modelo indígena de promoção da saúde planetária e do bem-estar humano com alguns valores e princípios como amor, justiça, equidade e reciprocidade. Por fim, falou-se em um “momento da verdade” para as pessoas e para o planeta, devido ao momento pandêmico vigente.

Evento paralelo – “Valores e princípios indígenas e saúde planetária”

Huti Watson concebeu as práticas e os conhecimentos indígenas como grandes potenciais para a saúde planetária, uma vez que poderiam ser replicados em outros lugares. Para Watson, as desigualdades enfrentadas pelos povos indígenas estão enraizadas em forma de preconceitos, dentre eles, o racismo, que nega direitos humanos básicos à sobrevivência. Ignorar essa questão seria perpetuar desigualdades.

Por fim, Richard Egan explanou sobre espiritualidade, considerando o espiritualismo como uma questão-chave para a saúde planetária, visto que é um tema central nas discussões sobre saúde e bem-estar. Para Egan, a análise espiritual precisa desafiar os discursos de dominação e de exploração do planeta, e construir uma fé. Há movimentos ambientais indígenas que trabalham com a espiritualidade, a “eco espiritualidade” – um novo e emergente campo de pesquisas em prol de uma vida sustentável.

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Edição: Thaís Presa Martins

Imagem: Lucas Sulino Fernandes