Dr. Peter Carter evidencia que a economia capitalista é o principal fator determinante do aquecimento global e que os governos devem se comprometer com mudanças efetivas e urgentes
Por Luísa Teixeira Francisco e Gontijo
A sessão “A emergência de saúde planetária sem precedentes de mudanças climáticas globais comprometidas e respostas essenciais”, ocorreu em 26 de abril, das 19h às 20h30 BRT, como evento paralelo integrante do Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021. A apresentação foi feita pelo Dr. Peter Carter, Fundador e Diretor do Climate Emergency Institute, e a mediação, por Julie Johnston do Green Heart Education. O encontro foi transmitido via web e mostrou diferentes indicadores sobre as mudanças climáticas atuais; a ameaça delas à saúde humana, e quais são as medidas de mitigação e de adaptação que devem ser adotadas para uma melhora do cenário.
Evento paralelo – “A emergência de saúde planetária sem precedentes
de mudanças climáticas globais comprometidas e respostas essenciais”
Carter indicou que algumas medidas podem ser tomadas em âmbito individual, dentre elas, o veganismo (filosofia de vida baseada no não uso de produtos de origem animal), e a diminuição do uso individual de combustíveis fósseis (por exemplo, utilizar menos automóveis). Entretanto, o médico deixou claro tais medidas não irão diminuir a destruição do planeta sozinhas. “O principal fator determinante das mudanças climáticas é a economia exploratória”, argumentou. Peter citou a economia guiada por conflitos, na qual grande quantidade de recursos naturais (a maioria combustíveis fósseis), é destinada à produção de armas e de ferramentas militares, ao invés de serem direcionadas à reparação do planeta.
Peter Carter apresentou diversos dados que demonstram estarmos vivendo uma emergência climática e não estarmos tentando combatê-la. Ele afirmou que a produção de combustíveis fósseis continua recebendo, constantemente, investimentos de governos, e que mais de US$ 3 trilhões foram investidos por bancos nesse setor desde o “Acordo de Paris”. Carter apontou que a prioridade atual deve ser o investimento em fontes de energia com geração zero de carbono. “A única maneira de parar a destruição do planeta é parar a poluição e isso é realizado parando de usar materiais que produzem gases do efeito estufa e passando a utilizar materiais que não são”, afirmou. Um exemplo prático é a substituição do concreto por madeira na construção civil. O médico acrescentou uma série de soluções a longo prazo, como: proibir os bancos de financiar combustíveis fósseis; proteger áreas indígenas; criar reservas florestais e marinhas; taxar consumidores de fontes emissoras de gases causadores do efeito estufa, dentre outras.
As perspectivas futuras em relação ao aumento da temperatura do planeta também foram comentadas. O melhor cenário projetado, em 2014, pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) era de que para que a temperatura média global elevasse “somente” 2ºC até 2100, seria necessário que a emissão de gases do efeito estufa fosse decrescente em 2020, chegando próximo a 0ºC em 2050. Como é sabido, ocorreu o contrário, a emissão de gases continua crescendo em 2021. No cenário atual, a perspectiva é de que a temperatura média global esteja 3ºC acima do “normal” em 2010, e que, em 2035 (ou antes), haja um aumento de 1,5ºC – o que é catastrófico!
Evento paralelo – “A emergência de saúde planetária sem precedentes
de mudanças climáticas globais comprometidas e respostas essenciais”
Peter explanou sobre as consequências desse aumento global de temperatura, revelando que a fome e má nutrição irão aumentar (ambas decorrentes das mudanças climáticas e dos conflitos). O pesquisador mostrou, também, que o hemisfério norte terá um aquecimento superior em relação ao sul, com destaque especial para a região do Ártico, que está aquecendo três vezes mais rápido que o resto do mundo. O Ártico é fundamental para a estabilidade climática da Terra, uma vez que seu gelo é responsável por refletir grande parte do calor recebido pelo planeta. Além disso, o aquecimento desse local traria sérias consequências para a vida marinha, que sofreria com processos de acidificação e de desoxigenação do oceano. Segundo Carter, o mais importante na luta pelo meio ambiente é “falar”, inclusive, por meio das mídias sociais, pois desse modo é possível se conectar a pessoas com as mesmas lutas; propagar informações; promover mudanças individuais, e pressionar os governos por posicionamentos.
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Edição: Clara Rellstab; Thaís Presa Martins
Imagens: Luísa Teixeira Francisco e Gontijo