Lançamento do Clube Brasileiro de Saúde Planetária: (bio)diversidade e (articul)ações, por Alex Sousa, Beatriz Laham, Donovan Franco, Elis Dionisio, Lucas Saraiva e Thaís Martins

O segundo e último dia do seminário Internacional “Saúde Planetária na América Latina: hora de agir!”, promovido pelo Instituto de Estudos Avançados e organizado pelo Grupo Saúde Planetária, foi marcado pelo lançamento do “Clube Brasileiro de Saúde Planetária”, ocorrido na manhã do dia 16 de dezembro de 2020. O grupo de jovens mostrou a força da mobilização e do protagonismo em torno da Saúde Planetária já na organização do Painel 6. Saúde Planetária objetiva a qualidade em saúde e o bem-estar humanos em consonância e sinergia com a saúde dos sistemas naturais, pois são aspectos indissociáveis e codependentes. O painel, realizado das 9h40 às 11h15, trouxe uma série de atividades, entre elas o lançamento do Manifesto; uma mesa de debates sobre “Diversidade e Saúde Planetária”; a apresentação de vídeos de apoio e suporte ao Clube, gravado por jovens de grupos internacionais também mobilizados em torno da Saúde Planetária; além de uma sessão de perguntas e respostas para esclarecer como os interessados poderão participar do Clube. A condução geral foi feita por Donovan Humphrey de Nardo Baptista Condessa Franco (IB-USP) e por Thaís Presa Martins (ICBS-UFRGS). 

Donovan Franco iniciou a apresentação destacando os princípios norteadores do Clube: saúde planetária; diversidade; transdisciplinaridade, e protagonismo juvenil. O Clube é composto por estudantes brasileiros de graduação e de pós-graduação, oriundos de universidades públicas e privadas de todas as regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A estrutura do Clube é pautada por dois documentos: Manifesto e Regimento; e seu funcionamento ocorre por meio de Comissões e de Grupos de Trabalho (GTs). Fotos dos integrantes do grupo, bem como suas respectivas localidades, foram apresentadas no mapa do Brasil. Por fim, Donovan introduziu o vídeo de apresentação do Clube Brasileiro de Saúde Planetária, produzido por jovens do Clube e editado por Jailson Leocadio, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação da Universidade de São Paulo.

Thaís Martins, ao apresentar o vídeo sobre o Manifesto, destacou a sua importância enquanto norte dos valores, dos princípios, das atividades e das normas de funcionamento do Clube. 

Diversidade e Saúde Planetária

A mesa redonda “Diversidade e Saúde Planetária” deu o tom das atividades que serão desenvolvidas pelo Clube, que pretende atuar em torno dos temas de saúde planetária endereçando também questões como desigualdade social, racismo estrutural, equidade de gênero, entre outros. A mesa, mediada por Elis Dionisio da Silva (Fiocruz/PE) e Beatriz Sinelli Laham (IB-USP), contou com a participação de três palestrantes. Selma Souza (UFBA) abordou os temas: poluição ambiental, saúde planetária, e racismo ambiental, a partir da perspectiva da comunidade quilombola a qual pertence – a comunidade de Praia Grande, na Ilha da Maré, Bahia. “A gente continua sendo escravizado até os dias de hoje. A saúde planetária engloba tudo isso. Tem de estar presente para todos os povos”, sentenciou Selma.

Pamela Campos (IFRJ) versou sobre relações entre racismo e saúde, apontando impactos à saúde física e mental sofridos por pessoas negras.

Finalizando a mesa, Diogo Oliveira (DF-USP) estabeleceu articulações entre o processo de colonização e a saúde planetária, realizando um paralelo entre a exploração de recursos naturais e a exploração de corpos negros, indígenas e de “minorias” etnico-raciais. Citando o historiador Laurentino Gomes, autor, entre outros, do livro “Escravidão”, lançado em 2019, Diogo relembrou das mazelas sofridas pelos povos escravizados. “Eu vejo a importância do Clube Brasileiro de Saúde Planetária para estabelecer uma nova relação com a terra que não seja essa dos padrões coloniais, porque ela é incompatível com a vida”, afirmou.

O Clube Brasileiro de Saúde Planetária, por meio do seu Manifesto, evidencia a necessidade da equidade para a construção de um planeta saudável. Nesse sentido, a mesa teve o intuito de dar espaço e lugar de fala às histórias, às práticas e às teorias do Sul Global, por meio do compartilhamento de saberes acadêmicos e tradicionais produzidos no Brasil, de forma a contribuir para a construção de uma Saúde Planetária que possa acolher a diversidade de pessoas que aqui habitam.

Articulação Global

A sessão “Articulação Global”, conduzida por Alex da Silva Sousa (FFLCH-USP) e por Fernando Xavier (Poli-USP), apresentou o Clube do Sul – primeiro clube de estudantes sobre Saúde Planetária do Brasil – por Renata Simoni (MED-UCS). Após, foi exibido um vídeo de boas-vindas de membros de Clubes de Saúde Planetária de outros países, localizados em três continentes. 

Fernando Xavier explanou sobre o trabalho dos Embaixadores Brasileiros da Planetary Health Alliance e apresentou seus novos integrantes de 2021: Beatriz Sinelli Laham, Elis Dionisio da Silva, Lucas Giampietro Terra Saraiva, Alex da Silva Sousa, e Rafaela Brugalli Zandavalli. 

Ao final, Alex Sousa apresentou um vídeo de apresentação dos Clubes de Saúde Planetária de Berlim (Planetary Health Club Berlin | Charité – Medical University, Alemanha); Londres (LSHTM Planetary Health Network, Inglaterra), e Vancouver (Planetary Health Network at University of British Columbia, Vancouver, Canadá). 

Nosso Clube

A sessão “Nosso Clube” foi apresentada por Lucas Giampietro Terra Saraiva (Mackenzie – SP), que relatou o planejamento de atividades do Clube previstas para o ano de 2021. São elas: a) Articulação Global: eventos e atividades em parceria com grupos e com clubes internacionais; b) Avaliação das Atividades: processo contínuo de avaliação das atividades desenvolvidas; c) Ciência Cidadã: projeto que visa promover a participação da sociedade no processo científico da área de Saúde Planetária; d) Clube de Leitura: atividade para promover a leitura e a discussão de textos e artigos sobre Saúde Planetária; e) Meninas e Mulheres na Saúde Planetária: divulgação científica para pensar sobre como as mudanças globais têm impacto sobre as mulheres e as meninas; e quais são as mulheres importantes na pesquisa e na ação em Saúde Planetária; f) Mídias: Instagram, Facebook e Youtube: atividades de comunicação e de divulgação das atividades; g) Divulgação Científica: Lives e Podcasts: realização de discussões e de debates sobre Saúde Planetária com convidados; h) Trilhas da Saúde Planetária: atividade educativa outdoor que visa aproximar os tópicos de Saúde Planetária aos conteúdos curriculares previstos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC); i) Unidades de Conservação (UCs) e Saúde Planetária: processo de divulgação das UCs como provedoras de serviços ambientais, indutoras do desenvolvimento socioambiental e da Saúde Planetária. 

Bárbara Braga (UnB) explicou quem pode participar, e como e onde as inscrições de novos integrantes do Clube Brasileiro de Saúde Planetária podem ser realizadas. O formulário de inscrições pode ser acessado em: https://docs.google.com/forms/d/1YPbbku51g8ZXIyu9zLBepaStja4xh5MlnD1M49xvjCs/edit 

No encerramento, ao agradecer a todos os envolvidos e à audiência, Donavan Franco relembrou a definição de Saúde Planetária, cunhada pela Dra. Sarah Whitmee e colegas em artigo publicado pela The Lancet em 2015: “Saúde Planetária é a conquista do mais alto padrão possível de saúde, bem-estar e equidade em todo o mundo, mediante atenção criteriosa aos sistemas humanos – políticos, econômicos e sociais – que moldam o futuro da humanidade e os sistemas naturais da Terra que definem os limites ambientais nos quais a humanidade pode florescer. Em suma, saúde planetária é a saúde da civilização humana e o estado dos sistemas naturais dos quais ela depende”. Por fim, propôs uma frase para reflexão sobre o tema: “Estamos todos conectados; uns aos outros biologicamente, à Terra quimicamente e ao resto do universo atomicamente” (Neil deGrasse Tyson – astrofísico, escritor e divulgador científico). 

Edição do texto: Daniela Vianna

Confira a íntegra do Painel 6 em vídeo gravado e disponível no canal do YouTube do Grupo Saúde Planetária: https://www.youtube.com/watch?v=pR2nv0Fuaoo (a partir dos 48 min da gravação)

 

Para seguir o Clube Brasileiro de Saúde Planetária, acesse: 

 

 

 

Alex da Silva Sousa (FFLCH-USP) 

Possui Bacharelado em Geografia (2011), Licenciatura em Geografia (2012), Mestrado em Geografia Física (2015) e atualmente é aluno de Doutorado em Geografia Física, todos pela Universidade de São Paulo (USP). Experiência em análise e diagnóstico do Meio Físico e da Paisagem, por meio de mapeamento e análise de aspectos geomorfológicos, pedológicos, hidrográficos, climatológicos e biogeográficos. Atuação principalmente voltada ao mapeamento e a caracterização geossistêmica do Meio Físico, através de análise multicritério e de algoritmos de inteligência artificial, levando-se em conta as variáveis do meio biótico e abiótico, visando o manejo adequado das áreas em estudo. Conhecimento especializado dos fatores geoquímicos envolvidos na dinâmica pedológica e geomorfológica. Experiência em levantamentos de campo para mapeamento e validação envolvendo aspectos do meio natural (geomorfológicos, pedológicos, geológicos, climatológicos e biogeográficos).

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4706064220093988 

 

Beatriz Sinelli Laham (IB-USP)

Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP). Experiências na área de ensino como monitora de ciências e professora de laboratório em escolas de ensino básico. Atualmente, desenvolve seu Doutorado no Instituto de Biociências da USP, com foco em educação sobre mudanças climáticas. Faz parte do projeto Hortas na Web; que desenvolveu pesquisa com hortas escolares em São Paulo e atua na articulação dos resultados da pesquisa com esferas de tomada de decisão, da gestão e da educação pública. Diretora geral e curadora de conteúdo do projeto Extensão Natural, portal de comunicação científica e amplificação de saberes. Embaixadora de Saúde Planetária pelo Programa Campus Ambassador da Planetary Health Alliance para o ano de 2021. 

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0734141473933294 

 

Donovan Humphrey de Nardo Baptista Condessa Franco (IB-USP)

Graduando em Ciências Biológicas (Bacharelado e Licenciatura) pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). Leciona aulas particulares de biologia, desde 2013. Educador da Estação Biologia (IB-USP), desde 2014. Monitor ambiental avançado certificado pelo Projeto Ecossistemas Costeiros da USP, com especialidade no modelo de Trilha das Mudanças Climáticas Globais, desde 2016. Atua na área de Extensão Universitária através da estruturação de redes unindo Universidades, Unidades de Conservação e as escolas públicas do seu entorno, tendo como objetivo o treinamento de professores e seus alunos em temas ligados à conservação e sustentabilidade, desde 2016. Coordenador do Projeto Ecossistemas Costeiros da Unidade Raia Olímpica do Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), desde 2016. Colaborador do Grupo de Estudos em Saúde Planetária e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), desde 2016. Coordenador de estagiários do Parque de Ciência e Tecnologia da USP, desde 2017. Coordenador do Núcleo São Paulo do Projeto Ecossistemas Costeiros, desde 2017. Capacitador de professores e alunos, com foco na melhoria do ensino público e conscientização ambiental, desde 2017. Palestrante de Educação Ambiental com foco em Mudanças Climáticas Globais, suas consequências, medidas de mitigação e adaptação, desde 2017. Colaborador do Clube Brasileiro de Saúde Planetária, vinculado ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), desde 2020.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4472211848481116

 

Elis Dionisio da Silva (Fiocruz/PE) 

Graduada em Ciências Biológicas (Bacharelado) pela Universidade de Pernambuco (UPE) em 2012 e iniciação científica pela Fundação Oswaldo Cruz – Pernambuco. Mestre em 2015 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pelo Programa de Pós-Graduação de Biologia Aplicada à Saúde – Laboratório de Imunopatologia Keiso Asami (LIKA) e Doutora em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Biociência e Biotecnologia em Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz – Pernambuco. Tem experiência na área de Parasitologia e Imunologia, com ênfase em Protozoologia Parasitária Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: diagnóstico, HIV/Aids, coinfecção Leishmania – HIV/Aids e Leishmanioses.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2587675313978865 

 

Lucas Giampietro Terra Saraiva (Mackenzie – SP)

Tradutor e intérprete em Língua Italiana e em Língua Portuguesa. Bacharel em Artes Cênicas pela Escola Superior de Artes Celia Helena. Graduando em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo. Embaixador de Saúde Planetária pelo Programa Campus Ambassador da Planetary Health Alliance para o ano de 2021.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8372053516860781 

 

 

Thaís Presa Martins (ICBS-UFRGS)

Doutoranda, e Mestra (2016) em Educação em Ciências pelo Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista (2014) em Gestão da Qualidade para o Meio Ambiente pelo Instituto do Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Licenciada (2013) e Bacharela (2012) em Ciências Biológicas pela Faculdade de Biociências da PUCRS. Cursou Comunicação Social/Jornalismo (2007-2008/I) pela Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. Colaboradora do Grupo de Pesquisas Estudos em Educação em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde da UFRGS desde 2014. Colaboradora do Clube Brasileiro de Saúde Planetária, vinculado ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) desde 2020. Colaboradora do Clube Sul Brasileiro de Saúde Planetária desde 2020. Professora Titular de Ciências/Biologia do Ensino Fundamental Anos Finais pelo Colégio João Paulo I Higienópolis desde 2020. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação em Ciências, Educação Ambiental, Educação em Saúde, e Estudos Culturais da Educação; atuando, sobretudo, nos temas: produção cultural da natureza; saúde/doença associada ao contato com a natureza; ecologia política; antropoceno; saúde planetária; sustentabilidade; biodiversidade; biopoder; normalização; consumo; comunicação científica; ensino de ciências/biologia. Lecionou nos níveis de Ensino: Fundamental Anos Finais (em Instituições Públicas e Privadas), Médio (em Instituições Públicas e Privadas), e Superior (nos Cursos de Graduação: Licenciatura em Ciências Biológicas da UFRGS (Estagiária Docente – 2015/II), e Bacharelado em Desenvolvimento Rural da UFRGS (Tutora Auxiliar Docente – 2020/II)). Sócia da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC) desde 2015. Revisora da Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade (RELACult), vinculada ao Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura (CLAEC), desde 2020. Revisora da Experiência – Revista Científica de Extensão, vinculada a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desde 2020. 

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0871254817010787