O luto individual que se torna uma experiência coletiva e global

Em bate-papo comovente, profissionais da linha de frente relatam sobre a perda de vítimas pela COVID-19 

Por Joana Carolina Zuqui

Em 29 de abril, das 20:00 às 21:00 BRT, o evento paralelo “Reflexões sobre o luto global em COVID-19” do Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021 reuniu profissionais diretamente envolvidos no combate à pandemia, para dialogar sobre a vivência do luto em meio à crise sanitária mundial. Conduzida por Rose Sulentic (epidemiologista norte-americana), a conversa contou com a participação de: Shastra Bhoora (médica intensivista em Joanesburgo); Chikondi Chiweza (obstetra e ginecologista do Baylor College of Medicine no Malawi); Niih Armah Hammond (médico intensivista em Gana); Emmanuel Gaeta (residente da UC Davis Medical School), e Adrienne Lefevre (especialista em Saúde Global).

Os participantes iniciaram relatando sobre o estado atual da pandemia em seus países. Emmanuel Gaeta ressaltou como a cidade de Sacramento (Califórnia) está empenhada em vacinar a população. Chikondi Chiweza mencionou como a segunda onda da pandemia no Malawi está sendo ainda mais letal. Então, Rose Sulentic pediu aos convidados para definirem a palavra “luto”. Adrienne Lefevre utilizou a definição do dicionário, na qual o luto significa “uma reação natural de tristeza profunda que surge após uma perda”. Ela destacou que este sentimento muda de acordo com o dia, o momento, ou a cultura na qual a pessoa enlutada está inserida. No contexto da pandemia, Lefevre pontuou que embora o luto seja uma experiência pessoal, há um aspecto comunitário, que combina o sentimento individual com o sentimento de outras pessoas que também perderam familiares e amigos para a doença. Chikondi disse que em comunidades onde todos são unidos, como em alguns locais do Malawi, o luto foi uma experiência dinâmica, vivenciada coletivamente, de acordo com o que a cultura local entende por “morte”. Emmanuel afirmou que o processo de adaptação faz parte do luto, e que essa adaptação foi afetada pela pandemia e pelas medidas de controle, como o distanciamento social e a proibição de atos públicos.

 

Evento paralelo – Reflexões sobre o luto global em COVID-19” 

Outro ponto abordado foi o papel crucial que as redes sociais assumiram durante a pandemia, como forma de reunir virtualmente pessoas fisicamente distantes. Por meio de transmissões ao vivo, vídeos, fotos, e mensagens instantâneas, redes como Facebook, WhatsApp e Instagram permitiram às famílias e às comunidades acompanharem juntas a hora da despedida, obedecendo aos protocolos de segurança, sem deixar de realizar – ainda que de forma diferente – os ritos funerários tradicionais de suas culturas.

“O luto é um pouco mais tolerável quando você sabe
que não está sozinho”.

(Shastra Bhoora)

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Edição: Carla Tôzo; Thaís Presa Martins

Imagens: Joana Carolina Zuqui