Consumo de carne vermelha versus saúde

Organizações de Saúde reconhecem e recomendam a importância da redução da carne vermelha para a saúde dos seres humanos e do planeta. Nesse sentido, fica a questão: os médicos de família deveriam ser mais assertivos ao aconselhar os seus pacientes a reduzir o consumo de carne vermelha?

Por Anni Lei

O Planetary Health Annual Meeting and Festival (PHAM) 2021 trouxe à tona o consumo de carne vermelha, no evento paralelo “Os médicos de família deveriam considerar ser mais assertivos ao aconselhar seus pacientes a reduzir o consumo de carne vermelha?”. A sessão foi realizada em 29 de abril, das 16h30 às 18h BRT, com mediação de Enrique Falceto de Barros (brasileiro; Médico de Família e Comunidade; integrante da World Health Organization of Family Doctors (WONCA), e do Working Party on Education (WWE)). Como palestrantes, contou com: Anna Cláudia Dilda (brasileira; Médica de família e comunidade); Shireen Kassam (inglesa; Médica; consultora em hematologia; Fundadora do Plant Based Health Professionals UK, e Co-Fundadora da Plant Based Health Online), e Laura Freeman (inglesa; Médica certificada em Medicina de Estilo de Vida; profissional de saúde baseada em plantas, e Co-Fundadora da Plant Based Health Online). O encontro objetivou discutir aspectos nutricionais, sociais, culturais e econômicos do consumo de carne vermelha.

Segundo Shireen Kassam, “a produção de carne vermelha é a forma mais ineficiente de produzir alimentos e um dos principais fatores que mantêm quase 1 bilhão de pessoas passando fome”. A primeira parte da sessão contextualizou o panorama atual do consumo de carne vermelha e as suas contribuições para a desigualdade social, a fome, a pobreza, os aspectos territoriais, as emissões de gases causadores do efeito estufa, e a perda de biodiversidade, diretamente relacionada à extinção de espécies. Dessa forma, a questão colocada foi: o quão nutricionalmente saudável é comer carne no cotidiano?

“A pecuária produz apenas 18% das calorias e 37% das proteínas
em todo o mundo, apesar de ocupar 80% das terras agrícolas.
Os alimentos que produzimos consomem, na verdade, mais calorias
e proteínas do que produzem para consumo humano. Isso significa que, atualmente, estamos produzindo comida suficiente para alimentar dois planetas”.
(Shireen Kassam)

 

Há impactos do consumo de carne vermelha, também, na saúde humana, tais como: câncer (colorretal, de mama, de próstata, etc.); doenças cardiovasculares; diabetes tipo 2; demência; dentre outras. Essa questão, no contexto pandêmico de COVID-19, relaciona-se a maiores riscos de hospitalização; a maior tempo de internação, e a prognósticos preocupantes em caso de infecção pelo novo coronavírus. Torna-se importante, portanto, tomar decisões baseadas em evidências científicas. A criação da Plant Based Health Professionals UK e da Plant Based Health Online vai ao encontro desse objetivo. A proposta delas é fornecer uma base científica aos profissionais de saúde, a fim de que possam multiplicar o conhecimento acerca do consumo de carne de maneira ética, científica e segura.

A população do planeta, majoritariamente, não tem refeições nutricionalmente balanceadas, sendo pobres em frutas, vegetais, leguminosas e grãos. Essa situação impulsiona o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, dentre eles, a carne vermelha. Existe, também, uma importante correlação entre a saúde humana e a saúde do planeta. Para tanto, faz-se necessário mudar as ações dos próprios profissionais de saúde, a fim de motivar os pacientes a fazer o mesmo. Assim, será possível construir uma dieta melhor, mais saudável, sustentável e planetária.

 “Você não pode se considerar exatamente um profissional de saúde se não trabalhar com frequência e com fervor pela saúde do planeta. Estamos aqui porque todos concordamos que não existem pessoas saudáveis em um planeta insalubre e certamente não temos um planeta B”. 

(Shireen Kassam)

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Edição: Gustavo Longo; Thaís Presa Martins