A forma como produzimos, consumimos e descartamos nossos alimentos podem causar sérios impactos na saúde planetária. Descubra caminhos sustentáveis e saudáveis para abordar a alimentação e a nutrição
em diversos cenários
Por Marco Aurélio Polato Ferreira Farnezi
Em 27 de abril, das 14h40 às 15h20 BRT, o Planetary Health Anual Meeting and Festival (PHAM) 2021 teve a segunda etapa de “Apresentações Científicas Relâmpago”, abordando alimentação e nutrição. A sessão foi moderada por Aline Martins de Carvalho (Professora da Universidade de São Paulo), e contou com cinco trabalhos selecionados, a partir do conjunto de resumos aceitos pelo #PHAM2021. Os temas abordados foram: a) análise dos Planos de Ação apresentados no MOOC Brasileiro de Saúde Planetária; b) mudanças climáticas, fome e saúde rural sob a ótica da agricultura; c) desperdício de alimentos e sustentabilidade nutricional e ambiental global; d) o papel das autoridades governamentais locais na facilitação da adoção de dietas saudáveis e ambientalmente sustentáveis; e) modelagem dos impactos ambientais e na saúde decorrentes do cumprimento da meta de ingestão de frutas e vegetais no Reino Unido.
Max Zimberg (Coordenadora comunitária de saúde planetária) indica que o sistema de produção de alimentos pode impactar a saúde humana e o planeta. Ela destacou mudanças que podem promover equidade e regeneração, a partir de conhecimentos da Saúde Planetária. A mudança de comportamento tanto em nível individual quanto coletivo faz-se urgente para salvar os ecossistemas terrestres, segundo a médica Anna Claudia Dilda. Ela aponta quais mudanças comportamentais os indivíduos estão mais propensos a adotar, com o intuito de reduzir as mudanças climáticas, por exemplo: mudança de cardápios; hábitos familiares, e adoção de técnicas de compostagem.
Com o atual sistema de alimentação, teremos alimentos disponíveis para consumo até 2050. Entretanto, nos dias de hoje, a população no geral está desperdiçando de forma intensa estes mesmos alimentos, conforme mostra o estudo de Canxi Chen (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique). O desperdício de alimento ocorre em inúmeros países e se mostra de forma heterogênea. Os dados utilizados são referentes a partir do varejo, e para estimá-lo, em cada país, relacionou-se o suprimento de alimentos disponíveis à taxa de desperdício de cada grupo alimentar.
A forma como a saúde humana se relaciona com o meio ambiente possui diferentes vertentes de acordo com cada grupo alimentar. O estudo de Rosemary Green (Departamento de Saúde Populacional da Escola de Higiene e Medicina de Londres) mostra como a adoção de frutas e de vegetais na dieta pode trazer excelentes benefícios para a saúde planetária, como aumento da expectativa de vida e diminuição das taxas de emissão de gases causadores do efeito estufa. Menos é mais ao falar sobre o consumo de carnes e de laticínios, pois a proteção de todos os elementos da cadeia alimentar precisa ser considerada. Melhorar as suas origens, como o solo, o tratamento dos animais e como estes alimentos são produzidos são fatores importantes.
Para além da forma de consumo dos alimentos, Simon Lloyd analisa possíveis cenários, conforme os sistemas de produção adotados em localidades rurais. Com o uso de dois modelos simulados – o empreendedor (dependente do mercado) e o camponês (agroecológico, com mais autonomia) -, é possível iniciar debates e práticas que impactam diretamente nas questões da fome e da saúde planetária, promovendo, assim, uma maior perspectiva acerca das mudanças climáticas e de seus impactos.
A comunicação também desempenha um papel central para a promoção de mudanças efetivas relacionadas à alimentação e nutrição. Mostrar alternativas simples e acessíveis sobre o consumo saudável e sustentável de alimentos pode ter impactos positivos na população. O “Projeto Sustentarea”, criado por Aline Carvalho, é um exemplo de promoção de saúde, a partir de estratégias eficazes de comunicação. Fica claro nessa sessão que os conhecimentos de Saúde Planetária direcionados para as questões de alimentação e nutrição precisam ser colocados em prática tanto em nível local quanto global. Para saber mais sobre os trabalhos, acesse: https://www.planetaryhealthannualmeeting.com/schedule
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Edição: Andreia Couto; Thaís Presa Martins